UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

11 de setembro de 2012

TOP-TEN WESTERNS DE JOSÉ BERNARDO, O MESTRE DOS QUEPES DA GUERRA CIVIL


A arte de José Bernardo começou
devido à cadela 'Érica'.
José Bernardo é um artesão cujas mãos produzem magicamente objetos verdadeiramente artísticos, entre eles seus famosos e disputados quepes e bonés. Pespontador de profissão, certo dia Bernardo ganhou um presente de um sobrinho que viajara para os Estados Unidos. Era um quepe militar daqueles que se via nos filmes sobre a Guerra de Secessão norte-americana. Bernardo gostou do presente e até o usava enquanto pespontava os cada vez mais raros sapatos que lhe eram encomendados. Bernardo possuía um cachorro da raça Collie de nome Érica que, quando Bernardo se preparava para sair, lhe trazia na boca o quepe. Tantas vezes isso aconteceu que o quepe foi ficando manchado e mesmo machucado na aba pelos dentes de Érica. Foi então que Bernardo decidiu fazer um quepe novo para substituir aquele made-in-USA que, verdade seja dita, era de péssima qualidade. Confeccionar o novo quepe deu bastante trabalho mas após montar, costurar, desmontar e descosturar três vezes o projeto, surgiu o primeiro quepe produzido pelas hábeis mãos do veterano pespontador.



"Tempo de Glória", primeiro filme cujos quepes serviram
de modelo para o designer José Bernardo.
Redescobrindo os faroestes – Coincidentemente, semanas depois a filha de José Bernardo retirou numa locadora um filme muito elogiado pela crítica, chamado “Tempo de Glória” (Glory), dirigido por Edward Zwick. Bernardo assistiu com especial atenção ao filme que se desenrolava durante a Guerra de Secessão e pode observar melhor os quepes usados pelos atores Denzel Washington, Morgan Freeman e Matthew Broderick. Bernardo se animou, tirou uma cópia do pôster do estojo do VHS com fotos dos atores e a partir desses modelos confeccionou mais três quepes cada um mais perfeito que o anterior. O pespontador trabalhava (e ainda trabalha), desde 1959, portanto há 53 anos, em sua oficina numa sala de um antigo e bonito prédio tombado no centro de São Paulo. Na entrada do prédio havia uma vitrine e nela alguns modelos de sapatos que Bernardo fabricava. Para enfeitar a vitrina o artesão colocou os quepes ao lado dos sapatos. Foi o que bastou pois para surpresa de Bernardo, logo ele teve que dedicar a maior parte de seu tempo para atender a pedidos de novos quepes. Bernardo sentiu-se obrigado a saber um pouco mais sobre a Civil War e passou a direcionar os filmes que assistia para o gênero western, mais precisamente para aqueles que falavam sobre a guerra fratricida de triste lembrança para os norte-americanos mas que possibilitou a Hollywood produzir grandes filmes.


José Bernardo em frente ao prédio centenário, no centro de São Paulo, no qual
 mantém sua oficina há mais de 50 anos. Na foto Bernardo está ladeado pelo editor
deste blog e pelo amigo Hélio Ferrari. Nesse edifício funcionou durante muitas

décadas a famosa Confeitaria Vienense frequentada pela elite da sociedade
paulistana. Hoje o Edifício da Paz,  foi tombado pela Municipalidade.

José Bernardo ao lado de
Aulo 'Doc' Barretti.
O apelido de ‘Mestre’ – Orientado por clientes que gostavam de cinema, Bernardo viu muitos filmes que não havia visto para melhor observar os quepes. Reviu também filmes que havia assistido, como “A General” (de Buster Keaton), “E o Vento Levou” e “O Intrépido General Custer” porque igualmente se passavam durante a Guerra de Secessão. A década de 90 não era ainda um tempo em que a Internet estava ao alcance de tantos brasileiros e com a parca literatura que havia sobre o assunto, foi o cinema, através do VHS e mais tarde do DVD, que ajudaram Bernardo. Os clientes lhe pediam para confeccionar não só quepes mas também bonés dos mais variados tipos e pouco a pouco Bernardo passou a ser conhecido e chamado pelos clientes e amigos como “Mestre”. E seu trabalho comprovava que mais que um simples artesão ele era mesmo um artista, merecendo o epiteto de “Mestre Bernardo”. Sem jamais ter se preocupado em contabilizar os números de seu trabalho, Mestre Bernardo acredita que já confeccionou mais de mil quepes e outro tanto entre bonés e gorros dos mais variados modelos. Mestre Bernardo já foi entrevistado por inúmeros órgãos de imprensa, porém quem quiser conhecer um pouco mais sobre seu trabalho pode visitar o blog
É importante lembrar que aos 81 anos de idade e passando por um problema de artrite, José Bernardo não mais consegue atender aos inúmeros pedidos para confeccionar novos quepes.



José Bernardo como sargento
do Exército Confederado.
Top-Ten dirigido – José Bernardo reconhece que não é o que se costuma chamar de cinéfilo e até relutou para listar os dez westerns que mais o impressionaram. Muito modesto, Bernardo diz que não assistiu a tantos faroestes como seria necessário para ter seu nome ao lado dos profundos conhecedores do gênero que já elaboraram seus Top-Tens especialmente para o WESTERNCINEMANIA. Mesmo assim, pela importância de seu trabalho, é muito interessante conhecer a preferência de Mestre Bernardo, a quem o leitor pode saber um pouco de sua infância lendo o ‘Cine Saudade’ postado abaixo de seu Top-Ten Westerns que é o seguinte, listado sem ordem de preferência:

No Tempo das Diligências (Stagecoach), 1939 – John Ford
O Intrépido General Custer (They Died With Their Boots On), 1941 – Raoul Walsh
Sangue de Heróis (Fort Apache), 1948 – John Ford
Legião Invencível (She Wore a Yellow Ribbon), 1949 – John Ford
Matar ou Morrer (High Noon), 1952 – Fred Zinnemann
Tempo de Glória (Glory), 1989 – Edward Zwick
Dança com Lobos (Dances with Wolves), 1990 – Kevin Kostner
Anjos Assassinos (Gettysburg), 1993 – Ronald F. Maxwell
Soldados Búfalos (Buffalo Soldiers), 1997 – Charles Haid
Deuses e Generais (Gods and Generals), 2003 – Ronald F. Maxwell

Como se pode observar, há na lista de José Bernardo uma predominância de filmes sobre a Guerra de Secessão e sobre o exército norte-americano nos tempos do Velho Oeste. Mas ao lado destes, no gosto do Mestre há lugar também para alguns grandes clássicos do faroeste.


Jô Soares apresentando seu programa usando um quepe de José Bernardo;
abaixo Chico Anísio que também usava um quepe confederado confeccionado
por José Bernardo; Jô Soares entrevistando José Bernardo.

11 comentários:

  1. José Fernandes de Campos14 de setembro de 2012 às 17:43

    Deuses e generais é um filme para ser descoberto pelos amantes do cinema western (apesar de não ser um western em sua total concepção). 219 minutos de uma saga muito bem narrada com o trio principal dando um show de interpretação. Esta produção de Ted Turner alcançou indices de audiencia elevados inclusive na sua reprise nos EUA. A forma que o filme é contado é bem didática e as cenas de combate mostram uma visão de guerra muito diferente nos filmes que versam sobre o assunto Guerra Norte/Sul. Vale um comentário e quem sabe um grande artigo do Darci. Pena que até hoje não consegui assistir Gettysburg. Não encontrei para gravar. Parabens ao cinefilo que lembrou um grande filme. Merece uma atenão especial e pretendo reve-lo amanhã. Pena que até agora (17:38) ninguem tenha feito comentários sobre a lista. Até de repente. Em tempo, só lamento a inclusão de Soldados Búfalos que achei muito fraco, mas gosto é uma coisa individual e devemos respeitar. Ainda bem que na lista não tem ERA UMA VEZ NO OESTE. O filme chato.

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  2. José Fernandes de Campos14 de setembro de 2012 às 18:08

    Ontem antes do jogo do meu querido BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS revi OS COWBOYS. É lamentavel como a critica da época (inclusive o renomado Leonard Maltin) não aceitaram o filme. Aqui no RJ a critica da época achou um western simples e destacaram somente a atuação de Bruce Dern. OS COWBOYS sem ser um filme que está no meu TOP 10 é simplesmente admiravel. A forma covarde que matam o DUKE na minha opinião está nas melhores cenas de filmes western. Penso que Rydell deve ter pedido licança a Wayne para fazer esta cena. Admirável os garotos e o joven Carradine faz sua primeira aparição na tela. John Willians fez uma trilha de acordo com as passagens da musica tipica do velho oeste. Dos onze garotos contratados é dificil mencionar quem está mal. E o injustiçado Roscoe, sensacional. O artigo que Darci escreveu sobre este filme em 2011 sintetiza bem todo o filme. Ocupo este espaço escrevendo sobre este pequeno clássico, pois geralmente as pessoas não voltam e escrevem nos artigos antes publicados. Espero que os cinefilos que frequentam este blog se manifestem mais, pois atualmente estou lendo muito pouco sobre eles. Até derepente.

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  3. José Fernandes de Campos14 de setembro de 2012 às 18:32

    Darci, gostaria de saber a sua opinião e quem sabe escrever sobre um western moderno em preto e branco dirigido pelo tresloucado Jim Jarmusch camado DEAD MAN/HOMEM MORTO de 1995 estrelado por Johnny Depp, Lance Hericksen, Gabriel Byrne Alfred Molina e acho que o ultimo filme feito por Robert Mitchum. O que me intriga neste filme que toas as listas internacionais colocam ele entre os mekhores westerns de todos os tempos, inclusive o AMERICAN FILM. O filme é monotono e totalmente ao contrario da situação. O npersonagem de Depp chama-se William Blake como se ele fosse o grande escritor americano. A musica e de Neil Young. Não vou escrever muito sobre ele, mas gostaria da sua opinião. Todos os grandes livros americanos sobre filmes de western mencionam este filme. Vale uma assistida por todos e se você puder, de a sua. Obrigado.

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  4. Olá, Campos
    Gostei muito de Dead Man. Poucos filmes conseguem uma atmosfera tão angustiante como esse estranho western. Claro que o que mais contribuiu para isso foi a música de Neil Young, mas Johnny Depp como o desesperado homem marcado está incrível. E Bob Mitchum aterrador. Aquele quadro dele na parede não é fácil de esquecer. Pena que o maluco Jarmusch não repetiu a dose com outro western. É o tipo de filme que não agrada a todos os gostos mas eu gostei muito. Daí a considerar um dos melhores de todos os tempos também não... - Darci

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  5. Campos - O canal TCM exibiu recentemente Gettysburg. Brevemente farei uma resenha desse filme e do primeiro que foi Deuses e Generais mas que foi filmado posteriormente. Coisa que só Ted Turner pode explicar. E ele já declarou que o terceiro da trilogia não mais será filmado. Uma pena. - Darci

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  6. Compreensível que os filmes escolhidos pelo Mestre Bernardo sejam aqueles mais ligados ao seu ofício, e, não sei se por isso, mas sua lista se tornou uma das mais originais já publicadas pelo Westerncinemania. Quanto aos quepes e bonés do artista, dei uma olhada, e são, de fato, trabalhos de mestre.

    E me metendo na conversa sem ser convidado, registro aqui também minha admiração por Dead Man, um filme diferente, cheio de simbolismo; mas realmente, Darci, pra figurar entre os genuínos clássicos fica meio complicado.

    Abraço!

    Vinícius Lemarc

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  7. Preciso do contato do sr.José Bernardo. Preciso de um quepe. Idoso doente. Grata

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  8. Sr. José Bernardo É uma pessoa que você não vai esquecer nunca , um verdeiro cavalheiro, o quepe que você me deu guardo a sete chaves , não dou não empresto . Grande abraço Bernardo.
    Joaquim

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  9. Boa noite amigo! Como faço para adquirir o boné, terceiro da esquerda para direita,azul com a bandeira USA. Muitíssimo obrigado.

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  10. Boa noite amigo! Como faço para adquirir o boné, terceiro da esquerda para direita,azul com a bandeira USA. Muitíssimo obrigado.

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