UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

28 de fevereiro de 2014

CACTUS JACK, O VILÃO (THE VILLAIN), KIRK DOUGLAS E A DIFICULDADE DE SER ENGRAÇADO


Lee Marvin como Kid Shelleen em
"Cat Ballou" (Dívida de Sangue).
Kirk Douglas foi o primeiro nome imaginado para interpretar Kid Shelleen/Tim Strawn, os irmãos gêmeos de “Cat Ballou” (Dívida de Sangue), papel duplo que acabou ficando para Lee Marvin. Após ler o roteiro, Kirk Douglas respondeu que jamais arriscaria sua carreira interpretando um personagem bizarro e desnorteado como Kid Shelleen. “Cat Ballou” se transformou num dos mais bem sucedidos westerns-comédia do cinema e catapultou Lee Marvin à condição de astro, ele que parecia fadado a ser um eterno coadjuvante. De quebra Marvin ainda recebeu o Oscar de melhor ator de 1965, dizendo na premiação que deveria dividir o prêmio com seu cavalo no filme. Kirk Douglas certamente se arrependeu bastante da decisão, ele que muitas vezes deu aos personagens que interpretou um tom de irreverência. Antes de passar a dirigir filmes, Hal Needham foi um ousado stuntman (dublê) com 56 ossos quebrados pelo corpo todo para comprovar seu destemor em cenas de perigo. Needham dirigiu “Agarre-me se Puderes” (Smokey and the Bandit) e outros filmes com Burt Reynolds e Sally Fields quebrando recordes de bilheteria e podendo filmar o que quisesse. Hal Needham acreditou que poderia prosseguir sua trilha de alucinadas correrias pelo Velho Oeste narrando as aventuras de um bandido atrapalhado chamado Cactus Jack Slade. Para interpretar o incompetente fora-da-lei foi convidado Kirk Douglas que, lembrando de “Cat Ballou”, aceitou sem pestanejar. Afinal de contas o western-comédia estava em alta depois de “Banzé no Oeste” (Blazing Saddles) levar multidões aos cinemas para rir com a comédia de Mel Brooks filmada em 1974.


Cactus Jack na espreita;
Handsome Stranger nem nota os
 atributos de Charming Jones.
Vilão desastrado - O novo filme de Hal Needham, realizado em 1979 recebeu o título de “The Villain”, no Brasil “Cactus Jack, o Vilão” mostrando o bandido Cactus Jack Slade (Kirk Douglas) que desastradamente assalta trens e rouba bancos e conseguindo apenas acabar atrás das grades e  o deboche de seu cavalo Whiskey . Ao contrário das montarias inteligentes que o cinema sempre exibiu, Whiskey usa o privilegiado cérebro para zombar de seu idiotizado dono, traindo-o assim que pode. Surge na história a bela, sedutora e insaciável Charming Jones (Ann-Margret), filha de Parody Jones (Strother Martin), que a mando do pai vai até a cidade de Snake End fazer uma retirada de dinheiro do banco local. Na viagem de retorno feita numa charrete, Charming recebe a escolta protetora de um cowboy forte e bonitão chamado Handsome Stranger (Arnold Schwarzenegger). O dono do banco, o finório Avery Simpson (Jack Elam), pretende recuperar o dinheiro e para isso contrata Cactus Jack dando-lhe a oportunidade de se redimir de seus recentes fracassos como bandido. Cactus Jack segue a dupla preparando incontáveis armadilhas para se apoderar do dinheiro que a sequiosa Charming carrega em companhia do inocente e abobalhado Stranger. Quando tudo indica que Cactus Jack se dará por vencido por sua incompetência, o vilão acaba ficando com Charming Jones pois Handsome Stranger é tão forte e elegante quanto cândido, virtuoso e... virgem.

O cavalo de Cactus Jack empaca à
espera do xerife e depois ri do dono.
Inspiração nos desenhos animados - A história de “Cactus Jack, o Vilão”, se é que se pode dizer que há uma história, é pobre e sem inspiração para virar filme. Isso quer dizer que Hal Needham teria que se apoiar menos no roteiro e mais no possível talento de Kirk Douglas para a comédia interpretando o inepto bandido na série de sketches do filme. As sequências remetem a situações clássicas assistidas à exaustão por várias gerações, baseadas nos célebres desenhos animados da Warner Bros., os Looney Tunes com Pernalonga (Bugs Bunny), Papa-Léguas (Road Runner) e Coyote e o Pica-Pau (Woody Woodpecker) da Universal. As mesmas correrias e perseguições têm como cenário agora o Velho Oeste com personagens de carne e osso em lugar dos cartoons. “Cactus Jack, o Vilão” é uma sucessão interminável e malfadada de cenas com o bandido colocando em perigo Charming Jones e Handsome Stranger com um arsenal de ideias diabólicas de onde saem cola, dinamite, corda, rocha gigante, tudo se voltando contra ele próprio. E há ainda o cavalo Whiskey que relincha de felicidade e mostra os dentes satisfeito a cada fracasso de seu dono Cactus Jack, cujos fiascos contam com a colaboração do galhofeiro animal. Toda essa rotina não consegue provocar o riso pretendido e não há Kirk Douglas que resolva, mesmo porque o grande ator não é lá tão engraçado. E para piorar há ainda a presença insípida de Arnold Schwarzenegger que anos mais tarde se mostraria razoavelmente engraçado como irmão gêmeo de Danny De Vito em “Twins”.

Os perigos vividos por Cactus Jack, para quem tudo dá errado.


'I'll do it my way' - Em "Cat Ballou" a parte musical teve a última participação de Nat King Cole num filme e o grande cantor o fez de forma memorável. Em "Cactus Jack, o Vilão" há também narrativa da história com uma canção, mas nada que mereça maior registro. Por outro lado, ouve-se os acordes iniciais de "Sentimental Journey", canção imortalizada pela maravilhosa Doris Day, durante  trajeto de charrete que fazem Charming Jones e Handsome Stranger. E Cactus Jack, em determinado momento, apesar de tantas infrutíferas tentativas de praticar o mal, diz, a la Sinatra, '...from now on I'll do it my way', essa sim, uma tirada inspirada.

Kirk Douglas como Cactus Jack Slade,
o vilão mais esperto do Velho Oeste
(há controvérsias...).
Kirk Douglas em grande forma física - Se algo faz valer à pena assistir “Cactus Jack, o Vilão” é a presença voluptuosa de Ann-Margret que passa o filme tentando seduzir o personagem de Schwarzenegger. Sensualíssima a atriz sueca de nascimento enche a tela com seus olhares e risos irresistivelmente provocantes e uma beleza e desejos lúbricos que só alguém com anabolizante até no cérebro deixa de perceber. Além de Ann-Margret há algumas poucas sequências que no roteiro pareciam ótimas, mas que na tela resultam em total falta de graça: Handsome Stranger ‘salvando heroicamente’ o carro de bombeiros puxado a cavalos; o cacique Alce Nervoso (Paul Lynde) liderando seus índios como se fosse um comandante da Cavalaria; e a melhor das piadas com o desonesto banqueiro interpretado por Jack Elam dizendo que não guarda seu dinheiro em seu próprio banco... Bem que Kirk Douglas se esforça para ser engraçado e aos 62 anos de idade dá um show de agilidade nas sequências de ação que satirizam os clichês dos faroestes. No entanto Douglas fica longe da deliciosa espontaneidade que se viu em “Gigantes em Luta” (The War Wagon). Jack Elam brilha como o banqueiro escroque e Strother Martin não teve a mesma sorte para demonstrar que é também capaz de fazer rir. O filme de Hal Needham foi tão mal nas bilheterias norte-americanas quando lançado que optou-se por mudar o título para o mercado externo, passando de “The Villain” para “Cactus Jack”, como se o problema deste western-comédia em que nada deu certo fosse apenas questão de título.

A deliciosa Ann-Margret provocante em cada gesto e olhar.

Só mesmo um homem muito forte para resistir aos encantos
da voluptuosa Ann-Margret.

Cactus Jack muito menos esperto que seu cavalo;
abaixo acordando com Miss Piggy.

24 de fevereiro de 2014

MATAR OU MORRER (HIGH NOON), BRILHANTE ESTUDO SOBRE A COVARDIA


Acima Carl Foreman;
abaixo Fred Zinnemann.
Os mais importantes títulos da magnífica filmografia de Fred Zinnemann são “Matar ou Morrer” (High Noon), “A Um Passo da Eternidade” (From Here to Eternity) e “O Homem que Não Vendeu sua Alma” (A Man for All Seasons). Todos esses três filmes têm a mesma temática que é a tomada de consciência por parte de homens diante de uma realidade que os acua. Sir Thomas More (Paul Scofield), Robert E. Lee Prewitt (Montgomery Clift) e Will Kane (Gary Cooper) estão entre os grandes personagens de filmes de todos os tempos, imortalizados como exemplos de dignidade e coragem nesses filmes de Zinnemann. O austríaco de nascimento Fred Zinnemann se viu obrigado a deixar seu país com a ascensão do nazismo e um pouco de sua trajetória pessoal está presente nos filmes acima referidos. Esses fatos merecem ser lembrados porque “Matar ou Morrer” é geralmente citado como uma película que objetivava, através do roteiro de Carl Foreman, apenas responder ao macarthismo que colocou Foreman na lista negra de Hollywood. John Wayne, um dos mais exaltados anticomunistas de Hollywood dizia que um filme vergonhoso como “Matar ou Morrer” jamais poderia ter sido produzido em seu país e completou afirmando que se orgulhava de ter ajudado a fazer Carl Foreman ‘correr’ dos Estados Unidos. A visão politicamente tacanha de John Wayne o impediu de perceber que o western de Fred Zinnemann era um dos mais significativos filmes não só daquele período negro da história de Hollywood, mas da própria história do cinema.


Gary Cooper à espera dos bandidos
Sheb Wooley, Ian MacDonald,
Lee Van Cleef e Robert Wilke
Decisão arriscada - Carl Foreman escreveu o roteiro de “High Noon” a partir de uma história de autoria de John W. Cunningham intitulada “The Tin Star” (nenhuma relação com o western "O Homem dos Olhos Frios" de Anthony Mann estrelado por Henry Fonda). Na adaptação de Foreman, numa manhã tranquila Will Kane (Gary Cooper) o xerife da pequena cidade de Hadleyville contrai matrimônio com a jovem Amy Fowler (Grace Kelly) e deixa o cargo partindo para uma nova vida. Após a cerimônia, antes da partida do casal, chega a notícia que Frank Miller (Ian MacDonald), um bandido preso por Kane e condenado pela Justiça foi libertado e deve chegar a Hadleyville no trem que para na cidade ao meio-dia. Miller é aguardado na estação por seu irmão Ben Miller (Sheb Wooley) e pelos amigos malfeitores Jack Colby (Lee Van Cleef) e Jim Pierce (Robert Wilke). Contrariando a esposa e o desejo de toda a comunidade, Will Kane decide permanecer e enfrentar o quarteto de bandidos. Conta para isso com a ajuda de amigos, os homens da cidade que conseguiu pacificar, mas um a um todos seus pretensos amigos, por razões diversas, se recusam a ajudar Will Kane que se vê sozinho. Helen Ramírez (Katy Jurado), uma mexicana que foi amante de Frank Miller e também de Will Kane, convence Amy Fowler a permanecer ao lado do marido na missão aparentemente suicida de se confrontar com o sedento por vingança Frank Miller. A acovardada população de Hadleyville assiste Will Kane, secundado pela esposa Amy, exterminar o bando e partir deixando para trás o medo, a frouxidão moral e mais que tudo a ingratidão de Hadleyville.

Acima Katy Jurado; abaixo Ian
MacDonald e Grace Kelly.
Estupenda direção de atores - Fred Zinnemann é tido como um diretor pouco inventivo, narrando histórias de forma linear, cinematograficamente acadêmica. “Matar ou Morrer” é o oposto de tudo isso pois seus 85 minutos são conduzidos inteiramente sob tensão, resultado do excepcional trabalho de edição do montador Elmo Williams, da fotografia semidocumentária de Floyd Crosby e da música de Dimitri Tiomkin. A Zinnemann deve-se a incrível comiseração extraída do personagem principal Will Kane através da angustiante interpretação de Gary Cooper. Will Kane é o personagem principal, mas de igual importância aos personagens femininos Amy Fowler e Helen Ramírez, especialmente esta última. Às duas mulheres cabem as ações decisivas de “Matar ou Morrer”, pois é a Señora Ramírez quem diz verdades e incute dose de estoicismo em Kane e a força que a frágil Amy Fowler precisa encontrar no apoio ao marido. E Amy, por duas vezes se faz presente no tiroteio final, primeiro ao alvejar o bandido Pierce pelas costas e depois ao enfiar as unhas nos olhos de Frank Miller quando este a usava como escudo, possibilitando a Kane o disparo final e certeiro contra o celerado. Conceituado diretor de atores (seis artistas dirigidos por Zinnemann receberam Oscars de interpretação [Gary Cooper, Frank Sinatra, Donna Reed, Jason Robards, Paul Scofield e Vanessa Redgrave] e outros 12 receberam indicações para esse prêmio), o elenco de “Matar ou Morrer” tem uma coesão interpretativa raramente vista em um western. Tenso do início ao fim, toda sorte de sentimentos são expressos pelo vasto e magnífico elenco dirigido por Zinnemann, como que a comprovar que o filme é sim dele, contando com os colaboradores citados.

Acima Lee Van Cleef; abaixo o
casamento Kane com Amy.
Alegoria ao macarthismo - “Matar ou Morrer” foi rodado em 1952, quando mais grassava a odiosa ação do senador Joseph McCarthy contra a comunidade cinematográfica norte-americana. Além de escrever o roteiro, Foreman que foi um dos perseguidos pela sanha brutal do macarthismo, atuou como produtor executivo desse western. Apesar de todos os esforços do produtor Stanley Kramer para reduzir o teor recriminatório do enredo, “Matar ou Morrer” é uma alegoria perfeita do que ocorreu com aqueles vitimados pela perseguição e que se viram, como o próprio Foreman, expurgados de Hollywood. À parte, no entanto, a mensagem política da história, o western de Zinnemann é um filme perfeito que envolve o espectador do princípio ao fim, ao longo de sua relativamente curta duração. O preto e branco das imagens acentua a dramaticidade e Will Kane, com suas vestes sombrias, é um ser fadado a morrer. Em determinado momento o constrangido Kane diz ao barbeiro-agente funerário que ele pode continuar com seu trabalho (de preparar caixões de defunto) interrompido por um instante. “Matar ou Morrer” começa ameaçador com a imagem de Lee Van Cleef (por si só uma ameaça) e com seu encontro com demais asseclas. Segue-se o único momento alegre da história com o casamento seguido do congraçamento entre nubentes e testemunhas. Daí para a frente o que o espectador vê é um filme depressivo, um álbum da pusilanimidade humana.

John Wayne recebendo o Oscar
por Gary Cooper, entre Olívia
De Havilland e Janet Gaynor;

abaixo Tex Ritter
e Gregory Peck.
A simplicidade musical de Tiomkin - A ideia inicial da produção era que a ação de “Matar ou Morrer” se passasse em tempo real, o que ocorre até a chegada do trem a Hadleyville. Para marcar o tempo inúmeros relógios foram colocados nos diversos cenários, de forma pouco discreta (há relógios em toda parte) mas não intrusiva. Porém o grande achado do western de Zinnemann foi o uso da trilha sonora musical criada por Dimitri Tiomkin. O ator-cantor Tex Ritter anuncia ao cantar os versos da “Ballad of High Noon” (Do not forsake me, oh my darling...) o que vai acontecer no decorrer do filme e o persistente som de percussão batendo no ritmo do trotar de um cavalo cria uma preciosa tensão sonora. Tiomkin fugiu do tom pomposo ainda tão comum nos anos 50 nas trilhas sonoras mesmo de westerns e sua criação musical está em harmonia com a simplicidade de “Matar ou Morrer”. Rodado em 28 dias, sete deles dedicados aos ensaios do elenco, este western foi visivelmente inspirado em “O Matador” (The Gunfighter), de Henry King, realizado dois anos antes. Gregory Peck foi o primeiro nome lembrado para interpretar Will Kane, mas não aceitou justamente pela semelhança do personagem com o Jimmy Ringo de “O Matador”. “Matar ou Morrer” custou modestos 750 mil dólares, 300 mil deles para pagar o salário de Gary Cooper. Por sua interpretação como Will Kane, Cooper recebeu o Oscar de Melhor Ator de 1952, não podendo no entanto comparecer à cerimônia de entrega e sendo substituído por John Wayne. Ao receber o prêmio, Wayne fez um pequeno discurso dizendo que gostaria de ter interpretado Will Kane pois assim poderia fazer o personagem de forma diferente e mudar o filme do qual nunca escondeu que detestara.

Gary Cooper
A expressão sofrida de Gary Cooper - Howard Hawks, outro expoente da direita de Hollywood, declarou tempos depois: “Eu filmei ‘Rio Bravo’ (Onde Começa o Inferno) porque não gostei de ‘High Noon’, assim como John Wayne também não gostou. Não creio que um bom xerife deva ficar dando voltas na cidade como um frangote pedindo ajuda a qualquer um. E quem é que salva esse xerife? Sua religiosa esposa. Essa não é minha concepção de um bom western.” Do que Hawks e Wayne não gostaram foi de “Matar ou Morrer” expor o lado soturno da América que eles tanto amavam. Curiosamente, os únicos habitantes de Hadleyville que se propuseram a ajudar Will Kane foram um velho alcoólatra (e cego) e um adolescente; na obra-prima “Rio Bravo” há também personagens de velho, bêbado e jovem. Gary Cooper, outro ator defensor do macarthismo foi bastante cobrado por ter participado de um filme como “Matar ou Morrer”. Mais ainda por ter sido um trabalho fisicamente desgastante para o ator então com 50 anos de idade. Cooper filmou mesmo sofrendo com uma úlcera estomacal e uma hérnia de disco que lhe dificultava os movimentos. Mesmo assim Gary Cooper não utilizou dublê na feroz luta que Will Kane trava no celeiro contra o auxiliar de xerife Harvey Pell (Lloyd Bridges). A expressão cansada e triste de Gary Cooper não foi resultado apenas de sua capacidade interpretativa, mas também de suas precárias condições físicas.

Katy Jurado
O brilho de Katy Jurado - O grande destaque de “Matar ou Morrer” fica para a atriz mexicana Katy Jurado que criou o mais digno e forte personagem feminino latino de um faroeste, distante dos estereótipos que mostravam latinos de modo caricato. A esplêndida atuação de Katy Jurado (esquecida pelo Oscar) foi premiada com o Golden Globe de Melhor Atriz Coadjuvante. Nesse mesmo ano ela recebeu também o Ariel de Prata (prêmio mexicano correspondente ao Oscar) como Melhor Atriz por sua atuação em “El Bruto”, de Luís Buñuel, rodado no México. O elenco de apoio de “Matar ou Morrer” reúne grande número de excelentes atores em papéis curtos mas todos eles expressivos. Destoa apenas Thomas Mitchell, excessivo em seu discurso dentro da igreja. Sergio Leone homenageou “Matar ou Morrer” recriando a sequência inicial da espera pelo trem em “Era Uma Vez no Oeste” (C’Era Uma Volta Il West) que tem Jack Elam em longa tomada de câmara, ao contrário da cena curta que o ator participa no filme de Zinnemann. Leone não se esqueceu também da gaita que Lee Van Cleef toca enquanto aguarda a chegada do trem motivando o diretor italiano a criar o ‘Harmônica’ interpretado por Charles Bronson. “Matar ou Morrer” é uma obra-prima absoluta, dos melhores filmes do gênero western, seminal e verdadeiramente inesquecível em sua mensagem e simplicidade. Will Kane permaneceu sozinho com sua consciência enquanto a cidade se uniu pelo medo e submissão ao poderoso Frank Miller e seus capangas neste primoroso estudo da covardia do ser humano num faroeste.

Katy Jurado com Lloyd Bridges e com Grace Kelly.

A fala constrangida de um dos cidadãos de Hadleyville
(que mesmo assim não lutou ao lado de Will Kane).

Os relógios indicando a proximidade nervosa do meio-dia (high noon) fatal.

O confronto de Kane-Amy contra Frank Miller e seus homens.


22 de fevereiro de 2014

WESTERNTESTEMANIA N.º 28 - LEMBRANDO O ELENCO DE "MATAR OU MORRER" (HIGH NOON)












RESPOSTAS DO WESTERNTESTEMANIA N.º 28
“MATAR OU MORRER” (HIGH NOON)

  1 – C – “Bravura Indômita” (True Grit)
  2 – B – Thomas Mitchell
  3 – A – Ernest Borgnine
  4 – D – Sergio Leone
  5 – B – “Sete Homens e Um Destino” (The Magnificent Seven)
  6 – A – Amy Fowler Kane
  7 – C – William A. Wellman
  8 – C – Creighton Chaney
  9 – D – “The Purple People Eater”
10 – A – Ian MacDonald

19 de fevereiro de 2014

“THE BALLAD OF HIGH NOON” E O ELENCO DE “MATAR OU MORRER”


Poucos westerns conseguiram a perfeita integração entre música e imagens como “Matar ou Morrer” (High Noon). Há até quem diga que este western de Fred Zinnemann deve muito de seu êxito artístico e de público à canção-tema de Dimitri Tiomkin que pontua o filme todo. Enredo envolvente, tensão crescente, fotografia simples e precisa, edição primorosamente concisa e interpretações de alto nível fazem de “Matar ou Morrer” um western memorável. O vídeo abaixo traz Tex Ritter interpretando “Do not forsake me oh my darling” (The Ballad of High Noon) e apresenta o elenco do filme.


17 de fevereiro de 2014

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE ARTHUR KENNEDY, EXPRESSIVO ATOR DRAMÁTICO


Laurence Olivier e Arthur Kennedy
no palco em "Becket".
Laurence Olivier é por muitos considerado o maior ator de todos os tempos e em 1961 Olivier se apresentava na Broadway interpretando o personagem Henrique II, Rei da Inglaterra na peça “Becket”, de Jean Anouilh, dirigida por Peter Grenville. Quem interpretava Becket era Arthur Kennedy e durante a temporada Olivier desafiou Kennedy a inverter os papéis durante uma apresentação. O ator inglês não esperava que Arthur Kennedy fizesse tão bem a parte de Henrique II, quase tão bem quanto o próprio Olivier, passando a admirar o companheiro de palco ainda mais. Esse fato demonstra o quanto Kennedy era excelente ator, obtendo o respeito de ninguém menos que Sir Laurence Olivier. Nessa época Arthur Kennedy era já bastante conhecido por seus trabalhos no cinema, tendo sido indicado cinco vezes ao Oscar durante a década de 50. Um dos grandes atores norte-americanos de sua geração, Kennedy é lembrado pelos fãs de faroestes especialmente pelos filmes: “Um Certo Capitão Lockhart” (The Man from Laramie), no qual contracena dramaticamente com James Stewart e por “Paixão de Bravo” (The Lusty Men), em que disputa quem é melhor em rodeio com Robert Mitchum. Assim como Olivier no teatro, os excepcionais Stewart e Mitchum tiveram em Arthur Kennedy um ator à altura de seus talentos interpretativos.

Arthur Kennedy em início de carreira.
Descoberto por James Cagney - John Arthur Kennedy nasceu no dia 17 de fevereiro de 1914, em Worcester, Massachussets, filho de um dentista. Adolescente ainda John Arthur iniciou estudos de Arte Dramática no Carnegie Institute. Aos 20 anos o jovem já se apresentava com grupos teatrais amadores. Foi com o Globe Theatre Company que fazia turnês pelo Meio-Oeste norte-americano apresentando condensações de peças de Shakespeare que John Arthur atuou profissionalmente pela primeira vez, aos 20 anos de idade. O ator shakesperiano Maurice Evans foi quem levou John Arthur para a Broadway, fazendo sua estreia nos palcos novaiorquinos em 1939. Um ano antes o jovem ator desposara Mary Cheffrey. A segunda peça da qual John Arthur participou foi “Vida e Morte de um Americano”, impressionando bastante James Cagney que estava na plateia. Cagney apresentou John Arthur para Jack Warner que o contratou e o escalou em 1940 para participar de seu primeiro filme, “Dois Contra uma Cidade Inteira”, estrelado justamente por James Cagney. Com o nome artístico de Arthur Kennedy, o estreante interpretou o irmão do personagem de Cagney. O filme seguinte de Arthur Kennedy, em 1941, foi o clássico “Seu Último Refúgio” (High Sierra), de Raoul Walsh, estrelado por Humphrey Bogart e Ida Lupino.

Arthur Kennedy à esquerda contracenando com James Cagney em "Dois Contra
uma Cidade Inteira" e à direita com Humphrey Bogart em "Seu Último Refúgio".

Arthur Kennedy e Errol Flynn acima;
abaixo Ronald Reagan,
Errol Flynn e Arthur Kennedy.
Soldado na tela e na vida real - A Warner Bros. lançou Arthur Kennedy como ator principal nos filmes B “Highway West”, “Estranho Recurso” e “Knockout”, todos de 1941, sendo que este último tinha no elenco os também jovens Anthony Quinn e Cornel Wilde. Ainda em 1941 Arthur Kennedy faria seu primeiro western que foi “Três Homens Maus” (Bad Men of Missouri), sobre os irmãos Younger. Arthur Kennedy interpretou Jim Younger, Wayne Morris foi Bob Younger e Dennis Morgan foi Cole Younger. Também em 1941 Arthur Kennedy teve participação importantíssima em “O Intrépido General Custer” (They Died With Their Boots On), veículo para o estrelado de Errol Flynn, mas que possibilitou que Arthur Kennedy fosse bastante notado por sua ótima interpretação como Ned Sharp, desafeto de Custer. Também com Errol Flynn e ainda Ronald Reagan, Kennedy participou de “Fugitivos do Inferno” e em seguida de “Águias Americanas”, de Howard Hawks, ambos filmes de guerra. E em 1943 Arthur Kennedy vestiu farda de verdade e prestou o serviço militar participando da II Guerra Mundial agora para valer e não no cinema.

Irmãos Younger em "Três Homens Maus": Arthur Kennedy,
Dennis Morgan e Wayne Morris.

O encontro com Mark Robson - O primeiro filme de Arthur Kennedy findo o conflito mundial foi o drama “Devoção”, em 1946, estrelado por Ida Lupino. Em 1947 Arthur Kennedy retornou à Broadway, onde foi dirigido por Elia Kazan em “All My Sons”, dividindo o palco com Karl Malden. Quando, em seguida, Kazan filmou “O Justiceiro”, chamou Arthur Kennedy para atuar nesse filme. Nesse mesmo ano de 1947 Arthur Kennedy interpretando Sundance Kid participou do western “Covil do Diabo” (Cheyenne), com Dennis Morgan. Outro western que contou com a participação de Arthur Kennedy foi “Sete Homens Maus” (The Walking Hills), com Randolph Scott e direção de John Sturges. Em 1949 Arthur Kennedy se encontrou com o diretor Mark Robson no filme sobre boxe “O Invencível”, estrelado por Kirk Douglas. Robson seria importantíssimo na carreira de Arthur Kennedy pois foi com “O Invencível” que Kennedy teve sua primeira indicação para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Ainda em 1949 Kennedy participou de “Ninguém Crê em Mim” no qual teve o principal papel masculino. Atuou em “Lágrimas Tardias” (com Dan Duryea) e em “Caminhos Sem Fim”, com Alan Ladd. E foi em 1949 que Arthur Kennedy se consagrou como grande ator da Broadway.

Arthur Kennedy à esquerda com Ida Lupino em "Devoção" e à direita
contracenando com Karl Malden em "O Justiceiro".

Arthur Kennedy com Lee J. Cobb no teatro
com "A Morte de um Caixeiro Viajante".
Melhor ator coadjuvante de teatro de 1949 - Elia Kazan, que havia arrebatado a Broadway com “A Streetcar Named Desire”, encenou em 1949 “A Morte de um Caixeiro Viajante”, peça de Arthur Miller e convocou Arthur Kennedy para interpretar Biff. Lee J. Cobb tinha o principal papel como Willy Loman, mas o público não tirava os olhos de Arthur Kennedy que com sua magnífica atuação conquistou o prêmio ‘Tony’ de Melhor Ator Coadjuvante de Teatro. Todos sabemos que atuar num palco é infinitamente mais difícil que no cinema e Arthur Kennedy se consagrava nas telas e nos palcos, agora com as 742 memoráveis performances da peça dirigida por Elia Kazan. De volta ao cinema, Arthur Kennedy esteve ao lado de Kirk Douglas em “Algemas de Cristal”, filme de 1950. Em 1951 Kennedy filmou sob a direção de Mark Robson “Só Resta a Lembrança” e parece que ninguém dirigia Kennedy melhor que Robson pois por sua atuação neste filme Arthur foi indicado ao Oscar de Melhor Ator do Ano, perdendo a estatueta para Humphrey Bogart por “Uma Aventura na África”. Outro western em 1951, desta vez estrelado por Alan Ladd foi “O Último Caudilho” (Red Mountain) e novamente a atuação de Arthur Kennedy foi a melhor de todo o elenco.

Arthur Kennedy com Lizabeth Scott e à direita com Alan Ladd em "O Último Caudilho".

Arthur Kennedy em "Paixão de Bravo".
Três belos westerns - 1952 foi o ano glorioso dos westerns na carreira de Arthur Kennedy. Filmou pela primeira vez com Anthony Mann o faroeste “O Sangue Semeou a Terra” (Bend of the River), com James Stewart. Logo após veio “O Diabo Feito Mulher” (Rancho Notorius), de Fritz Lang em que Kennedy teve nos braços Marlene Dietrich. O terceiro faroeste de Kennedy em 1952 foi “Paixão de Bravo”, magnífico e pouco lembrado filme de Nicholas Ray sobre rodeios, com Robert Mitchum e Susan Hayward completando o triângulo principal. Nesse ano ainda houve tempo para Kennedy ser o principal ator masculino no drama biográfico “A Jovem de Branco”, dirigido por John Sturges. O incansável Arthur Kennedy cruzava os Estados Unidos de Oeste a Leste para atuar na Broadway em “Veja o Jaguar”, contracenando com um jovem ator chamado James Dean, nessa peça que teve apenas cinco apresentações, encerrando as encenações por... falta de público! Quem poderia imaginar que estava deixando de assistir James Dean numa montagem da Broadway. Ainda na Broadway, em 1953, Kennedy foi o principal intérprete de “As Bruxas de Salém”, de Arthur Miller sobre o macarthismo. A peça ficou seis meses em cartaz, com 197 apresentações. Nome respeitado no cinema, Arthur Kennedy somente conseguia papéis principais em filmes de menor orçamento como no policial “Impulse”, de 1954.

Arthur Kennedy com Julie Adams (à esquerda) em cena de "O Sangue Semeou
a Terra"; à direita com Marlene Dietrich em "O Diabo Feito Mulher" .

Elenco principal de "O Sangue Semeou a Terra": Arthur Kennedy, Lori Nelson,
James Stewart, Julie Adams e Rock Hudson.

Arthur Kennedy com o Robert Mitchum em "Paixão de Bravo".

Arthur Kennedy e Robert Middleton observados por
Katy Jurado, Dorothy McGuire e Glenn Ford.
O filme é "A Fúria dos Justos".
Um certo Arthur Kennedy - De retorno a Hollywood em 1955, Arthur Kennedy atuou em nada menos que seis filmes, um deles sob a direção de Mark Robson, “A Fúria dos Justos”, com Glenn Ford e para não perder o hábito Kennedy teve outra indicação para o Oscar de Melhor Coadjuvante. Já estava virando rotina em sua carreira, assim como acontecia com Henry Fonda, ser indicado para o Oscar e perder sempre. “Liberdade Sangrenta” (com William Bendix) e “Horas de Desespero” (com Humphrey Bogart), de William Wyler foram dois policiais que tiveram Kennedy brilhando no elenco. Mas esse ano de 1955 seria mais lembrado em sua carreira pelos westerns “O Vício Singra o Mississipi” (The Rawhide Years), com Tony Curtis; “Madrugada da Traição” (The Naked Dawn), em que interpreta o bandido mexicano Santiago; e naquele que seria um de seus grandes westerns, “Um Certo Capitão Lockhart” (The Man from Laramie), novamente dirigido por Anthony Mann. Depois desse filme Kennedy ficaria nove longos anos longe do faroeste.

Arthur Kennedy e Tony Curtis em "O Vício Singra o Mississipi";
à direita Alex Nicol e Arthur Kennedy em "Um Certo Capitão Lockhart".

Quinta indicação, quinta derrota - Em 1957 o filme de Mark Robson “A Caldeira do Diabo” fez enorme sucesso e Arthur Kennedy, um dos muitos nomes do elenco, obteve sua quarta indicação para o Oscar, novamente de Melhor Ator Coadjuvante e mais uma vez dirigido por Mark Robson. De 1958 é “Turbilhão de Paixões”, estrelado por Rock Hudson e de 1959 “Deus Sabe o Quanto Amei”, de Vincente Minnelli, com Frank Sinatra, Dean Martin e Shirley MacLaine que rendeu nova e última indicação de Arthur Kennedy ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Quinta indicação e quinta derrota. Cada vez menos lembrado para o cinema, Arthur Kennedy começou a aparecer mais frequentemente em programas para a televisão. E jamais esquecia do teatro, atuando em “Time Limit” e “The Loud Red Patrick”, na Broadway. Grande sucesso de público em 1959, o drama “Amores Clandestinos” trazia Arthur Kennedy como um alcoólatra, pai de Troy Donahue. Em 1960 Kennedy interpretou um jornalista em “Entre Deus e o Pecado”, ao lado de Burt Lancaster e Jean Simmons. Em 1961 foi a vez do drama “Com o Pecado no Sangue” contar com a presença de Arthur Kennedy como o principal ator masculino; na Inglaterra Kennedy participou da comédia “Quem Viu, Quem Matou...” que provavelmente ninguém foi ver nos cinemas. Mais assistido foi, em 1961, “Barrabás” protagonizado por Anthony Quinn e com Arthur Kennedy lavando as mãos como Poncius Pilatos. Novo retorno de Arthur Kennedy à Broadway ocorreu em 1961, em “Becket”, comentado acima.

Arthur Kennedy em cenas de "A Caldeira do Diabo", "Deus Sabe o Quanto Amei"
e "Entre Deus e o Pecado", neste último com Jean Simmons.

Anthony Quinn e arthur Kennedy em
"Lawrence da Arábia"; abaixo com
Jeffrey Hunter como Joaquín Murrieta em
"A Morte de um Pistoleiro".
Por acaso em “Lawrence da Árabia” - 1962 foi o grande ano de David Lean com o épico “Lawrence da Arábia”, vencedor de sete prêmios Oscar. Edmond O’Brien estava contratado para interpretar o jornalista Jackson Bentley, mas por motivo de doença não pode participar das filmagens. Anthony Quinn então indicou Arthur Kennedy a David Lean e a história de T.E. Lawrence resultou em outro grande filme na carreira de Arthur Kennedy. Aos 50 anos de idade Arthur Kennedy teve a oportunidade de ser dirigido por John Ford em “Crepúsculo de uma Raça” (Cheyenne Autumn), interpretando Doc Holliday no intermezzo com James Stewart como Wyatt Earp, filme de 1964. Nesse mesmo ano Kennedy liderou o elenco de “Italiani Brava Gente”, filmado na Ucrânia sob a direção de Giuseppe De Santis. Em 1965 Arthur Kennedy atuou em “A Morte de um Pistoleiro” (Joaquín Murrieta), sobre o bandido mexicano interpretado por Jeffrey Hunter. “O Amor Faz Milagres”, de 1965, foi um drama para firmar o estrelato de Richard Chamberlain, ídolo da TV lançado no cinema. Outro western, desta vez dirigido por Henry Hathaway e estrelado por Steve McQueen, em 1966, teve a participação de Arthur Kennedy, faroeste intitulado “Nevada Smith”. Nesse mesmo ano Kennedy foi visto em “Viagem Fantástica”, com a fantástica Raquel Welch.

Arthur Kennedy e Steve McQueen como fugitivos da prisão em "Nevada Smith";
à direita James Stewart (Wyatt Earp) e Arthur Kennedy (Doc Holliday) em
"Crepúsculo de uma Raça", de John Ford.

Arthur Kennedy e Glenn Ford em
"A Pistola do Mal"; abaixo
Arthur Kennedy e Robert Ryan
em "Caçada ao Pistoleiro".
Fase europeia - O argentino Leopoldo Torre Nilsson dirigiu na Espanha, em 1967, “La Chica Del Lunes”, filme estrelado pelos atores norte-americanos Arthur Kennedy e Geraldine Page. Em 1968 Kennedy atuou no western “A Pistola do Mal” (Day of the Evil Gun), com Glenn Ford. Foi depois para a Itália filmar “Caçada ao Pistoleiro” (Un Minuto per Pregare, un Instante per Morire), de Franco Giraldi, com Alex Cord, Robert Ryan e a belíssima Nicoletta Machiavelli. De volta aos Estados Unidos, Kennedy atuou em “A Batalha de Anzio”, com Robert Mitchum e Robert Ryan. Antes do famoso filme de Steven Spielberg sobre o gigantesco predador dos mares, houve “Tubarão”, de Samuel Fuller com Burt Reynolds e Arthur Kennedy, filmado no México. Em 1969 Arthur Kennedy e Teresa Wright foram coadjuvantes do jovem Michael Douglas em “O Protesto”. Depois de mais duas peças na Broadway – “The Price” e “Veronica’s Room” – Arthur Kennedy foi o ator principal do drama de guerra “My Old Man’s Place”, em 1971. Ao se aproximar dos 60 anos de idade, Kennedy iniciou uma fase internacional em sua carreira, atuando em uma dúzia de filmes, na Itália, películas que não mereciam fazer parte de sua filmografia, com títulos como “Baciamo Le Mani”, “Ricco”, “O Anticristo” e “Porco Mondo”, entre outros. Foi a fase também de “Zumbi 3” (na Espanha) e “Caça à Mala Preta” (na Alemanha). Sob a direção do competente Michael Winner, Kennedy atuou no terror “A Sentinela dos Malditos”, na honrosa companhia de Ava Gardner, Burgess Meredith, Eli Wallach, John Carradine e Martin Balsam.

Arthur Kennedy
Final de carreira incondizente - Talvez o ponto mais baixo da carreira de Arthur Kennedy tenha sido sua participação na ficção-científica “O Humanóide”, protagonizado por Richard Kiel, o gigante de “O Cavaleiro Solitário” (Pale Rider), filme incondizente com o talento de Kennedy. Em “O Ciclone” Arthur Kennedy foi o ator principal ao lado da também veterana Carroll Baker. Em 1989 Arthur Kennedy filmou “Uma Cidade Sem Rumo”, drama estrelado por Beau Bridges. O último filme de Arthur Kennedy foi “Grandpa”, lançado em 1990 com pouca divulgação quando o ator já havia morrido. Kennedy estava viúvo desde 1975, quando faleceu sua esposa Mary, com quem esteve casado por 36 anos e com quem teve os filhos Terence e Laurie Kennedy, esta última também atriz. No final de sua vida Arthur Kennedy teve câncer na tireoide e doença em um dos olhos, vindo a falecer vítima de um tumor cerebral em 5 de janeiro de 1990, aos 75 anos de idade. Arthur Kennedy foi um dos melhores atores de seu tempo e está, sem dúvida, entre os grandes atores coadjuvantes de Holywood. Pelos inesquecíveis filmes dos quais participou, entre eles muitos westerns, Arthur Kennedy merece ser lembrado nesta data do seu centenário de nascimento.

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disputada por Arthur Kennedy e Mel Ferrer.

Arthur Kennedy em "Madrugada da Traição" em que interpreta o cruel Santiago.