UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

28 de agosto de 2016

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE GEORGE MONTGOMERY, WESTERNER AUTÊNTICO


A década de 50 foi uma época incomparável para o western, ou melhor, a principal delas. Entre os diversos atores que se destacaram atuando nesses filmes, George Montgomery ocupa um lugar especial não só pelo número de faroestes que fez, mas também pela qualidade dos mesmos. Nascido no dia 29 de agosto de 1916 (algumas fontes indicam o dia 27 de agosto), Montgomery estaria completando 100 anos se vivo fosse, mas para os fãs de westerns ele continua vivo através de seus trabalhos no cinema e nas artes voltadas ao universo do Velho Oeste. A cinebiografia abaixo foi publicada originalmente neste blog, sendo aumentada e ampliada com outras informações e a lista completa dos westerns com George Montgomery.

Início pouco promissor - George Montgomery Letz nasceu na cidade de Brady, Montana, mesmo Estado onde nasceu Gary Cooper. Caçula entre os 15 filhos de um casal de imigrantes da Ucrania, George foi criado numa fazenda e aprendeu na prática os rudimentos da vida de cowboy. Cursou por algum tempo a Universidade de Montana, mas a sua boa estampa e seus 1,91m de altura o encaminharam para o cinema. Começou fazendo figurações e pequenos papéis nos filmes de Roy Rogers (de quem ficou amigo), na Republic Pictures e participou também de seriados. Atuou também como dublê de John Wayne que naquele tempo era magro como George Montgomery, além de terem quase a mesma altura. Em 1938 a Republic decidiu provocar os fãs de seriados lançando “O Guarda Vingador” (The Lone Ranger), com nada menos que cinco atores mascarados e vestidos como o personagem The Lone Ranger (na foto ao lado, George Montgomery com Lane Chandler, Lee Powell, Hal Taliaferro e Bruce Bennett) . Os ‘Lone Rangers’ iam morrendo um a um até restar só verdadeiro. O achado da Republic era fazer com que os espectadores tentassem descobrir qual deles era o verdadeiro herói mascarado. Nesse período George Montgomery atuava com o nome artístico de George Letz, isto quando conseguia ser creditado, o que era raro. Ainda assim chamou a atenção da 20th Century-Fox com quem assinou contrato.

O jovem George Montgomery em quatro poses para serem distribuídas aos fãs.

Acima George com a esposa Dinah
Shore; ambos apoiavam
John Fitzgerald Kennedy.
Sucesso e casamento - A Fox logo mudou seu nome para George Montgomery pois ‘Letz’ soava um tanto quanto alemão e isso era ruim naqueles anos, ao passo que ‘Montgomery’ era o sobrenome do famoso Marechal de Campo inglês Bernard Montgomery. No novo estúdio George apareceu com destaque em “Coração de Bandido” (The Cisco Kid and the Lady), de 1940, com Cesar Romero como Cisco Kid. A partir daí George foi colocado como ator principal ou coadjuvante importante em uma série de filmes juvenis. O estúdio deu a George a oportunidade de voltar às origens com os westerns “O Cavaleiro do Deserto” (Riders of the Purple Sage) e “O Último dos Duanes” (The Last of the Duanes), ambos de 1941. A 20th Century-Fox acreditava no futuro de George Montgomery e o escalou também como coadjuvante em boas produções contracenando, entre outras estrelas com Betty Grable, Linda Darnell, Shirley Temple, Carole Landis, Maureen O’Hara e Gene Tierney. Foi nesse tempo que George Montgomery se destacou também no noticiário de Hollywood devido a seus romances com Hedy Lamarr, uma das mais lindas estrelas da tela e com Carole Landis, também muito bonita. Para surpresa da cidade do cinema George acabou se casando com a cantora e atriz Dinah Shore.  Assim como aconteceu com muitos astros da tela, a carreira de George Montgomery foi interrompida devido à 2.ª Grande Guerra tendo ele sido convocado em 1943 e sendo desligado do Exército ao final do conflito mundial, em 1945.

George com Carole Landis, Betty Grable, Gene Tierney e com Maureen O'Hara.

George com Ruth Roman e sendo
esmurrado por Leo Gordon,

respectivamente em "A Filha da
Foragida" e em "Oeste Selvagem".
A caminho do faroeste - George cumpriu o contrato até o final atuando ainda em mais dois filmes da Fox, um deles personificando o detetive Philip Marlowe, criação de Raymond Chandler, em “A Moeda Trágica” (The Brasher Doubloon). Tyrone Power e Gregory Peck eram os principais galãs do estúdio que, por economia, decidiu não renovar o contrato de muitos jovens artistas, entre eles George Montgomery. Sorte do western pois George passou a atuar indistintamente pela Columbia, United Artists e Allied Artists, fazendo cada vez mais faroestes. Só na década de 50 foram mais de 20, para alegria dos fãs do gênero. A impressionante sequência de westerns de George Montgomery começou no final dos anos 40 e prosseguiu durante toda a década seguinte, o que o coloca ao lado de Randolph Scott e Audie Murphy como o trio de verdadeiros campeões do gênero. A longa série de westerns de George Montgomery teve início em 1947 com “A Filha da Foragida” (Belle Starr’s Daughter), com Rod Cameron e Ruth Roman. O longo ciclo foi encerrado quando George Montgomery interpretou Pat Garrett em “A Morte a Cada Passo” (Badman’s Country), com Neville Brand e Buster Crabbe. Em 1958 George Montgomery afastou-se do cinema para se dedicar à série de TV “Cimarron City”, exibida em 1958 e 1959 e que teve um total de 26 episódios. Montgomery encabeçou o elenco interpretando o prefeito da cidade de Cimarron. A série, no entanto, não conquistou grande audiência e foi cancelada.

À esquerda George com a bela Lynne Roberts em "Cavaleiros do Deserto";
na TV em "Cimarron City".
Acima George Montgomery em "A Garra de Aço"
e abaixo com Taine Elg em
"Watusi, o Gigante Africano".
Fase globetrotter - George então voltou a fazer filmes, principalmente no gênero aventura. O primeiro foi “Watusi, o Gigante Africano”, cujo nome é indicador da contrastante mudança de gênero. Em seguida, estrelados, roteirizados e dirigidos pelo próprio George Montgomery vieram “Samar, a Ilha do desespero”, “A Garra de Aço”, “Guerrilhas em Pink Lace”, “From Hell to Borneo” e “Colheita Satânica”. Os anos 60 foram, decididamente estranhos na carreira de George Montgomery, que atuou na superprodução inglesa “Uma batalha no Inferno”, com grande elenco comandado por Henry Fonda. Continuou na guerra e na Europa em “Missão Bomba 10:10”, filmado na Iugoslávia. Foi à África do Sul para atuar em “Estranhos ao Amanhecer”, em que contracenou com Deanna Martin, filha do grande Dino. Depois foi a vez da Espanha, onde George Montgomery atuou em ”O Pistoleiro do Rio Vermelho” (El Proscrito Del Rio Colorado), faroeste espanhol. Quase um globetrotter, George voltou aos Estados Unidos onde atuou em “Geração Alucinada”, numa época em que se começou a fazer filmes sobre drogas psicodélicas. Em 1967 Montgomery atuou em “Gatilhos do Ódio” (Hostile Guns), western da série do produtor A.C. Lyles que quase só contratava atores veteranos. Ao lado de Montgomery estavam neste filme Yvonne De Carlo, Tab Hunter, Brian Donlevy e Leo Gordon. A carreira de George Montgomery chegou ao fim com os filmes “Warkill”, em que contracenou com o veterano Tom Drake e em 1970 e com “The Daredevil”, em que George é um piloto de corridas de automóveis contracenando com a também veterana Terry Moore. O último filme de George Montgomery foi fazendo uma ponta em “Dikiy Veter”, produzido na Iugoslávia.

Uma das mais belas esculturas de
George Montgomery.
Renomado escultor - George Montgomery teve dois filhos com Dinah Shore, com quem ficou casado por 20 anos. No mesmo ano de 1963 em que voltou á vida de solteiro, uma em pregada da casa de George tentou matá-lo e ainda cometer suicídio, tendo falhado em ambas intenções. O ator não voltou a se casar, mesmo tendo mantido longo relacionamento, até quase o final da vida com sua amiga Ann Lindberg. Afastado do cinema, George Montgomery passou a exercitar seus dotes artísticos, dedicando-se a vários de seus hobbies como projetar casas, desenhar móveis, pintar e esculpir. George era extremamente talentoso, mas foi como escultor que seu talento foi mais reconhecido. As esculturas que fazia eram disputadíssimas obras de arte e, claro, custavam caro. Entre as mais de 50 esculturas que George produziu estão as de John Wayne, Clint Eastwood, Ronald Reagan, Gene Autry, e Randolph Scott. George Montgomery foi um dos mais ativos participantes dos bastante frequentes encontros de ex-astros dos faroestes com os fãs. Sempre simpático era bastante querido pelos amigos e pelos admiradores de sua arte e de seus filmes. George Montgomery faleceu de complicações cardíacas aos 94 anos, no dia 12 de dezembro de 2000, na Califórnia. Muitos de seus filmes estão hoje disponíveis para que se constate que ele foi, sem sombra de dúvida, um dos grandes mocinhos do cinema.

Ao lado das esculturas de George, um jogo de mesa e cadeiras por ele
desenhado e construído.


WESTERNS DE GEORGE MONTGOMERY
(A partir de 1940)

O Cavaleiro do Deserto (Riders of the Purple Sage), 1941 – James Tinling
O Último dos Duanes (The Last of the Duanes), 1941 – James Tinling
A Filha da Foragida (Belle Starr’s Daughter), 1947 -  Lesley Selander
A Voz do Sangue (Davy Crockett, Indian Scout), 1950 – Lew landers
A Bela Lil (Dakota Lil), 1950 -  Lesley Selander
Pista Cruenta (The Iroquis Trail), 1950
O Manto da Morte (The Texas Rangers), 1951 – Phil Karlson
Rebelião de Bravos (Indian Uprising), 1952 – Ray Nazarro
Era da Violência (Cripple Creek), 1952 – Ray Nazarro
Aliança de Sangue (The Pathfinder), 1952 – Sidney Salkow
Alçapão Sangrento (Jack McCall Desperado), 1953 – Sidney Salkow
Ticonderoga, Forte da Coragem (Fort Ti), 1953 – William Castle
De Homem para Homem ou Pistola (Gun Belt), 1953 – Ray Nazarro
Rio de Sangue (Battle of Rogue River), 1954 – William Castle
Até o Último Tiro (The Lone Gun), 1954 – Ray Nazarro
Ases do Gatilho (Masterson of Kansas), 1954 – William Castle
A Mulher e os Índios (Seminole Uprising), 1955 - Earl Bellamy
Covil de Feras (Robber’s Roost), 1955 -  Sidney Salkow
O Rio dos Homens Maus (Canyon River), 1956 – Harmon Jones
Império de Balas (Last of the Badmen), 1957 – Paul Landres
Bandoleiros de Durango (Gun Duel in Durango), 1957 – Sidney Salkow
Ataque Sanguinário (Pawnee), 1957 – George Waggner
Oeste Selvagem (Black Patch), 1957 – Allen H. Miner
Duelo ao Amanhecer (Man from God’s Country), 1958 – Paul Landres
O Melhor Gatilho (Thoughest Gun in Tombstone), 1958
A Morte a Cada Passo (Badman’s Country), 1958 – Fred F. Sears
Fúria Negra (King of Wild Stallion), 1959 – R.G. Springsteen
O Pistoleiro do Rio Vermelho (El Proscrito Del Rio Colorado), 1965 – Maury dexter
Gatilhos de Ódio (Hostile Guns), 1967 – R.G. Springsteen




25 de agosto de 2016

BANDOLEIROS DE DURANGO (GUN DUEL IN DURANGO), COM GEORGE MONTGOMERY


George Montgomery com
Hedy Lamarr (acima)
e com Gene Tierney.
Audie Murphy e George Montgomery foram dois dos atores que mais se destacaram nos pequenos westerns produzidos massissamente nos anos 50. Audie se tornou muito mais conhecido e conquistou uma legião de fãs, o que não chegou a acontecer com George, e isso não deixa de ser uma flagrante injustiça. Ambos lutaram na II Guerra Mundial, com a diferença que Murphy voltou com o peito coberto de medalhas e a fama de ter sido o mais condecorado soldado norte-americano naquele conflito, o que lhe abriu as portas para o cinema. A Universal investiu bastante em Audie Murphy e seus faroestes tinham, como regra geral, melhores diretores, bons elencos e eram quase sempre filmados em cores. Muito melhor ator que o inexpressivo Murphy, George Montgomery viu-se confinado a produtores mais modestos e a filmes infinitamente mais pobres. Montgomery era alto até para os padrões hollywoodianos (1,91m) e tão boa pinta que manteve longo romance com Hedy Lamarr, uma das mais belas estrelas de todos os tempos. Bom sujeito e muito querido, Montgomery tinha entre seus amigos Roy Rogers, Gene Autry, Randolph Scott e muitos outros atores e atrizes que o admiravam por sua inteligência e sensibilidade artística, ele que era pintor, escultor e designer de móveis de estilo country e ainda decorador. Com tudo isso, a cada pequeno western de George Montgomery, como este “Bandoleiros de Durango” (Gun Duel in Durango), é inevitável a constatação que Hollywood investiu muito em Audie Murphy e pouco no excelente George Montgomery.


Acima Boyd 'Red Morgan', Al Wyatt Sr.,
Don 'Red' Barry, Steve Brodie e
Henry Rowland; abaixo George
Montgomery e Ann Robinson.
Fugindo do passado (outra vez) - “Bandoleiros de Durango” conta a história muitas vezes levada à tela do fora-da-lei que busca se regenerar mas seu passado lhe cria obstáculos. George Montgomery é Will Sabre, homem que fez parte do bando liderado por Jack Dunsten (Steve Brodie). Sabre quer mudar de vida e muda inicialmente de nome, dizendo chamar-se Dan Tomlinson, para não ser reconhecido. No caminho para Durango, onde pretende se reencontrar com Judy Ollivant (Ann Robinson), Sabre encontra o menino Robbie que acabara de perder o pai. Dunsten e seus homens procuram por Sabre pois o chefe do bando não quer perdê-lo, contando com ele para próximos assaltos. Chegando a Durango Judy acolhe o menino em sua fazenda enquanto Will Sabre, usando o nome Dan Tomlinson, consegue emprego como caixa do banco local. Sabre é descoberto e passa a ser chantageado por Dunsten que pretende que Sabre facilite os roubos ao banco onde trabalha, o que de fato acontece. O xerife Howard (Frank Ferguson) conclui que Dan Tomlinson é, de fato, o bandido Will Sabre e tenta prendê-lo como cúmplice dos assaltos, o que faz com que Sabre fuja, indo atrás do bando e conseguindo dizimá-lo. Tendo provado que quer ser um homem de bem, Sabre inicia nova vida ao lado de Judy e do menino Robbie.

George Montgomery (acima) e com
Bobby Clark.
História mal alinhavada - Com apenas 73 minutos de duração, “Bandoleiros de Durango” dirigido por Sidney Salkow não se aprofunda nos tão comuns problemas pessoais do ex-malfeitor não sugerindo ao menos o que o teria levado a trilhar abandonar a vida de crimes. Sabe-se apenas que antes disso Will Sabre fora sócio de Judy Ollivant num cassino em New Orleans, onde os dois se relacionaram. Will Sabre aconselha o menino a nunca usar de violência e ele próprio reluta em fazer uso de armas mesmo quando se defronta com criminosos. Isso acontece durante o assalto ao banco de Durango, com o fazendeiro Blaisdell (Roy Barcroft) testemunhando a incapacidade de Sabre em reagir aos tiros disparados pelo bando de Dunsten. Anteriormente, durante uma perseguição à mesma quadrilha por parte de Texas Rangers, Sabre não conseguiu sacar sua arma e ajudar a patrulha liderada pelo Capitão Ranger (Denver Pyle). E Sabre era admirado por membros do bando ao qual pertenceu, especialmente por Larry (Don ‘Red’ Barry) que se manifesta a favor de Sabre contrariando Dunsten. A falta de maior coesão neste western é que demonstra porque os pequenos faroestes de Budd Boetticher com roteiros de Burt Kannedy eram tão bons, mesmo com metragens ao redor dos 70 minutos de duração.

Acima Roy Barcroft com Montgomery;
abaixo Frank Ferguson e Denver Pyle.
Mocinho atrás do guichê - Com um mínimo de ação e mesmo assim pouco brilhante nos momentos movimentados, o melhor deste filme em preto e branco é a esplêndida atuação de George Montgomery, convincente mesmo num personagem mal estruturado. E curiosamente Montgomery passa mais tempo no filme atrás do guichê do banco que trocando tiros e socos ou montado em um cavalo. Muito boa a presença do ator infantil Bobby Clark que infelizmente não fez carreira no cinema, mesmo tendo participado de filmes conhecidos como “Os Dez Mandamentos” e “Vampiros de Almas”, o clássico sci-fi de Don Siegel. Por falar em ficção científica, Ann Robinson é a leading-lady de George Montgomery, ela que atuou no também clássico “A Guerra dos Mundos”, em 1953. Steve Brodie é bem melhor em filmes policiais e Don ‘Red’ Barry tem poucas oportunidades para exercitar sua irascibilidade. Frank Ferguson desta vez como xerife e num papel maior que de costume, aparecendo ainda Denver Pyle. Aqueles que vibravam com seriados e westerns B, reconhecerão certamente o grande homem mau Roy Barcroft e ainda Syd Saylor, veterano coadjuvante e muitas vezes sidekick de Bob Steele.

Bandidos ruívos: Boyd 'Red' Morgan e Steve Brodie; Steve Brodie e Don 'Red' Barry'.

Faroestes superiores - Produzido para completar programação dupla dos cinemas de pequenos centros, “Bandoleiros de Durango” é um western sem maiores ambições e um dos mais fracos da série que teve George Montgomery como herói. Melhor ficar, entre outros, com “Até o Último Tiro” (The Lone Gun), “Ases do Gatilho” (Masterson of Kansas), “De Homem para Homem” (Gun Belt) ou mesmo “Covil de Feras” (Robber’s Roost), este dirigido pelo próprio Sydney Salkow. E prestigiar o ótimo e injustiçado mocinho George Montgomery.


22 de agosto de 2016

JESSE JAMES – TYRONE POWER E HENRY FONDA COMO OS LENDÁRIOS IRMÃOS JAMES


Acima os verdadeiros Frank e Jesse;
abaixo Henry Fonda e Tyrone Power.
Assim como Buffalo Bill, Kit Carson e Wild Bill Hickok, Jesse James adquiriu notoriedade ainda em vida, fama essa que cresceu através das décadas seguintes à sua morte. Embora sendo um autêntico fora-da-lei, Jesse Woodson James tornou-se lendário sendo invariavelmente lembrado como uma espécie de Robin Hood do Velho Oeste. O cinema já havia se aproveitado algumas vezes da popularidade de Jesse James ajudando a aumentar a lenda, coisa que jornais, revistas e livros nunca deixaram de fazer. Em 1939 a 20th Century-Fox que, nos últimos anos havia deixado de produzir faroestes Classe A em razão da pouca receptividade que o gênero adquirira junto ao público dos grandes centros, decidiu filmar a vida do célebre malfeitor. Darryl F. Zanuck, o chefão do estúdio, investiu alto (perto de dois milhões de dólares) na produção em Technicolor escalando Henry King para dirigir e Tyrone Power para interpretar Jesse James. O jovem galã, aos 25 anos de idade era a resposta da Fox ao ídolo Robert Taylor (da MGM), então considerado o homem mais bonito do cinema. O elenco principal foi composto com Randolph Scott, Henry Fonda e Nancy Kelly, todos com carreiras em ascensão, acompanhados por um numeroso grupo de coadjuvantes. “Jesse James” caiu no agrado do público e se tornou um dos maiores sucessos de 1939, ano até hoje considerado o mais importante do cinema pela excelência de um grande número de filmes.


Acima Tyrone Power e Jane Darwell;
Brian Donlevy;
abaixo Jane Darwell e Henry Fonda.
Pobres contra poderosos - Nunnally Johnson escreveu o roteiro de “Jesse James”, baseando-se em pesquisa de Rosalind Schaeffer, narrando os fatos que tiveram início após o fim da Guerra Civil. Empreendedores vindos do Norte traziam os avanços capitalistas para a região do Missouri, onde na zona rural da          cidade de Liberty, vivia a viúva mãe dos irmãos Frank e Jesse James. Inescrupulosos e violentos agentes a serviço dos donos de ferrovias compravam as pequenas fazendas a preços escorchantes e quem se recusava a aceitar pagava com a própria vida. Os irmãos James se revoltaram e lideraram os proprietários de terras incitando-os a não aceitar a usurpação, o que levou ao assassinato da mãe dos James (Jane Darwell). Jesse (Tyrone Power) vinga-se matando o agente intimidador Barshee (Brian Donlevy), o que o leva à prisão, de onde escapa com a ajuda do irmão Frank (Henry Fonda). A partir de então os irmãos formam um bando que passa a assaltar trens e bancos. Mesmo procurado pela Justiça James se casa com Zerelda (Nancy Kelly) jovem por quem Will Wright (Randolph Scott), o xerife de Liberty, se sente também atraído. A sucessão de assaltos atribuídos à quadrilha liderada por Jesse James faz com que a recompensa por sua captura aumente cada vez mais, sendo que a Agência Pinkerton envia um detetive para ajudar na prisão dos bandidos. Quando do assalto ao banco de Northfield, em Minnesota, Jesse James é ferido e parte do seu bando é morto ou capturado. Jesse refugia-se num rancho onde estão sua esposa e filho de cinco anos, com o bandido tencionando deixar o crime e começar nova vida na Califórnia. No entanto, Bob Ford (John Carradine) antigo comparsa de Jesse James o visita e o mata atingindo pelas costas para receber a recompensa oferecida.

Tyrone Power
Bandido idealizado - Quando “Jesse James” foi lançado, em 1939, após assistir ao filme a senhora J Frances James, neta do célebre bandido, declarou: “A única relação com os fatos verdadeiros é que havia uma pessoa chamada James e que ela andava a cavalo”. O roteiro de Nunnaly Johnson não resiste a praticamente nenhuma constatação histórica dos acontecimentos relacionados à vida de Jesse James o que pouco importou ao produtor Darryl F. Zanuck. O que interessava ao mogul da Fox era levar à tela uma narrativa que comovesse o público e para tanto era necessário criar uma figura idealizada do fora-da-lei. Para isso o Jesse James de Nunnaly Johnson surgiu como um rapaz de radiante simpatia, nobre em seus princípios e que se revolta com razão. Com a sucessão de problemas Jesse se torna um atormentado, antecipando os jovens que James Dean, como ninguém, viria a caracterizar 15 anos depois. Muito bom contador de histórias, Henry King entregou aquilo que o estúdio e as plateias daquele tempo queriam ver, público que começava a se cansar dos vilões desalmados como James Cagney nos filmes de gângster dos anos 30. Com seu aspecto inocente e incapaz de cometer uma atrocidade, Tyrone Power ungiu o romanceado bandido amável, oposto ao verdadeiro Jesse James.

O dublê Cliff Lyons sobre os vagões;
abaixo Tyrone Power no saloon.
Sequências criativas - Com magnífico colorido a realçar a delicadeza dos traços do novo Adônis de Hollywood e com um argumento que por vezes resvala no sentimentalismo fácil, “Jesse James” mesmo assim é um filme agradável de ser visto. Se faltou a King a capacidade de exteriorizar mais perfeitamente a alma da gente simplória do interior, supera-se o diretor nas marcantes sequências de ação. Em meio a situações previsíveis, diálogos inexpressivos e direção acadêmica de Henry King, sobressaem sequências inusitadas que se tornariam referências no gênero, uma delas a caminhada de Jesse James sobre os vagões do trem em movimento. O dinheiro roubado atirado em direção aos perseguidores dos dois irmãos a cavalo, fazendo com que a patrulha se desinteressasse da caçada à dupla é outra. A impressionante queda de cavalo e cavaleiro, ambos despencando do alto de uma ribanceira em um rio também. Outra sequência de enorme impacto ocorre durante o frustrado assalto ao Northfield Bank em Minnesota, o ápice de ação do filme, quando Jesse e Frank em fuga atravessam as vidraças de uma loja com seus cavalos, que Nicholas Ray, Sam Peckinpah e Walter Hill reproduziram respectivamente em “Quem Matou Jesse James” (The True Story of Jesse James), “Meu Ódio Será Sua Herança” (The Wild Bunch) e “Cavalgada dos Proscritos” (The Long Riders). Há ainda um clássico duelo, entre Jesse e Barshee, dentro de um saloon repleto de barflies estupefatos com a audácia do mais jovem dos irmãos James. Esse confronto foi filmado com a simplicidade dos duelos que o cinema apresentava em suas primeiras décadas, evitando rebuscamentos.

A muito imitada sequência dos cavalos atravessando as janelas de vidro.

Acima Randolph Scott, Nancy Kelly e Tyrone
Power; abaixo Nancy e Randolph.
Respeitoso assedio - Entre as muitas liberdades que o roteiro teve com a história, a mais equivocada foi a criação de uma disputa amorosa pela jovem Zee (Zerelda), namorada de Jesse e com quem ele vem a se casar. A moça é assediada o tempo todo pelo íntegro xerife Will Wright, homem de inesgotável compreensão e espírito respeitoso que, mesmo preterido, continua sempre próximo a Zee sem que isso transtorne Jesse. Fica por conta da imaginação do espectador o que pode ter sucedido entre Wright e Zee. Ignora ainda o roteiro a passagem dos irmãos pelo Exército Confederado durante a Guerra Civil, mas o digno Jesse tem em seu escravo Pinky (Ernest Whitman) um amigo e fiel colaborador. Na realidade os James possuíam nada menos que sete escravos e eram, obviamente, contra o fim da escravidão. Com a tendência cada vez mais realista e revisionista do cinema, despindo os personagens do Velho Oeste do glamour e virtude que eles recebiam nos filmes, produções como “Jesse James” parecem hoje extremamente datadas. Mais ainda a tentativa de atribuir o comportamento criminoso do bandido às injustiças sociais que ele sofreu.

Acima Henry Hull; abaixo George Chandler.
Pobre tipógrafo... - Tyrone Power permanece em cena o tempo todo como o elegante e gracioso fora-da-lei sem a necessária rudeza para um bandido, enquanto Henry Fonda brilha nas vezes em que aparece como irmão protetor de Jesse. Num desses momentos Frank diz: “Jesse, ou você está ficando louco ou você é um gambá...”, com o que define a dificuldade de se decidir do bandido. O personagem de Randolph Scott que não participa de nenhuma sequência de ação e assim como Fonda desaparece boa parte do filme, ele Scott desta vez como um autêntico gentleman. Nancy Kelly, a Zee, passa o filme todo entre lamentos e ameaças de abandonar Jesse em fraca participação, enquanto Henry Hull dá o tom excessivo como o jornalista que dita textos enormes para o pobre tipógrafo (George Chandler) escrever na caixa de tipos. Nem mesmo um linotipista, na fantástica máquina compositora que seria inventada em 1886 (Jesse James foi morto em 1882) seria capaz de acompanhar a verborragia de Henry Hull.

Charles Middleton e Randolph Scott
Coadjuvantes conhecidos - O elenco tem ainda Jane Darwell que seria outra vez a mãe de Henry Fonda no magnífico “Vinhas da Ira”; Brian Donlevy à vontade como o hipócrita e arrogante agente; John Carradine em mais um dos tipos perfeitos para sua eterna expressão pusilânime, ao contrário de Donald Meek, frágil demais para se impor como desalmado dono de ferrovia, ambos que no mesmo ano de 1939 viajaram na memorável diligência do clássico de John Ford. Em papéis menores são vistos Charles Middleton (ainda nos tempos do Imperador Ming dos seriados de Flash Gordon) e Lon Chaney Jr., como um dos membros da gang de Jesse James. Darryl F. Zanuck demitiu Lon Chaney Jr. durante as filmagens quando, pela segunda vez, o ator compareceu alcoolizado para o trabalho no filme, vício do qual Chaney jamais conseguiu se livrar.

Donald Meek e John Carradine

Mortes de animais - Uma curiosidade é que “Jesse James” foi o responsável pela formação da ‘Humane Society of America’, entidade que monitora o tratamento dado aos animais nos filmes. Na queda de cavalos do penhasco foram utilizados dois cavalos vendados e empurrados penhasco abaixo, vindo ambos a falecer o que gerou inúmeros protestos que levaram, a partir de então, à necessidade da unidade de monitoramento para proteção dos animais. Cliff Lyons atuou como dublê nas sequências de perigo, substituindo tanto Tyrone Power como Henry Fonda. Na queda do penhasco Lyons foi filmado de dois ângulos diferentes, sendo uma tomada como Fonda, outra como Power.

A queda do despenhadeiro que custou a vida dos animais.

Tyrone Power, Nancy Kelly e Henry Fonda
Grande sucesso de público - Os créditos iniciais são mostrados ao som de uma estrepitosa marcha que, ainda bem, não mais é ouvida no desenrolar do filme. Bastante bonita a cinematografia em Technicolor atribuída a George Barnes e a W. Howard Greene, mostrando que o Velho Oeste era bonito mesmo quando longe do Arizona, uma vez que as filmagens ocorreram em locações em Pineville, no Missouri. Durante duas semanas, no mês de outubro de 1938, Henry King esteve internado devido a uma infecção no ouvido, sendo chamado Irving Cummings para substituí-lo, faltando maiores informações para que se saiba ao certo quem filmou as melhores (e as mais fracas) sequências desta biografia de Jesse James. Tão grande foi o sucesso deste filme que a 20th Century-Fox, sem perda de tempo, no ano seguinte produziu uma continuação intitulada “A Volta de Frank James” (The Return of Frank James), com o mesmo Henry Fonda, desta vez sob a direção do prestigiado vienense Fritz Lang. Não um grande faroeste, mas sim um bonito e sem dúvida importante filme do gênero, “Jesse James” agrada apesar das restrições que merece.

Acima e abaixo pôsteres de "Jesse James" impressos e m diversos países.



Este filme foi gentilmente cedido pelo cinéfilo e colecionador Thomaz Antônio de Freitas Dantas.

10 de agosto de 2016

GIGANTES EM LUTA (THE WAR WAGON) – JOHN WAYNE E KIRK DOUGLAS EM ANIMADO WESTERN


Clair Huffaker e alguns de seus liros que viraram filmes.
Note-se que "Flaming Star" (Estrela de Fogo) traz na
capa Gregory Peck como aparece em
"A Noite da Emboscada" (The Stalking Moon).
Quando foi apresentada a John Wayne a história intitulada “Badman”, escrita por Clair Huffaker, o Duke se interessou em filmá-la. Wayne percebeu uma pequena semelhança com o clássico “Vera Cruz” e orientou sua produtora Batjac a contratar Burt Lancaster para interpretar um dos dois personagens principais que em muito lembrava o ‘Joe “Erin’ criado por Lancaster no western de Robert Aldrich. As diferenças políticas entre Burt e Wayne eram enormes e Lancaster respondeu que jamais trabalharia com John Wayne. A Batjac foi então atrás de Kirk Douglas que, apesar de ferrenho adversário do pensamento político de Wayne, havia atuado duas vezes ao lado do Duke e até que se dera bem com ele, política à parte. Douglas teria ainda a oportunidade, no novo faroeste, de fazer tudo que Wayne imaginara que só Lancaster seria capaz de fazer com perfeição. O próprio Clair Huffaker, autor de inúmeros livros com histórias de faroeste levados ao cinema, foi incumbido de escrever o roteiro que basicamente narra uma situação de vingança com um inusitado detalhe: uma rocambolesca perseguição a uma carroça blindada armada com metralhadora Gattling. Em função desse estrambótico veículo, o título escolhido foi “The War Wagon”, que no Brasil virou “Gigantes em Luta”, mesmo título de outro western (Guns of Timberland), exibido no Brasil em 1960 e estrelado pelos baixinhos Alan Ladd e Frankie Avalon.


John Wayne e Kirk Douglas
Missão irrealizável – Neste “Gigantes em Luta” dirigido por Burt Kennedy, Taw Jackson (John Wayne) viu sua fazenda ser usurpada por Pierce (Bruce Cabot) que conseguiu ainda uma condenação de três anos para Jackson. Este consegue liberdade condicional e retorna a Emmett, no Novo México, com a intenção de se vingar. Pierce é o homem mais poderoso da cidade e contrata, por 10 mil dólares, o pistoleiro Lomax (Kirk Douglas) para que este mate Jackson. Lomax e Jackson são velhos conhecidos e Jackson faz uma proposta ao pistoleiro para que este venha a ganhar 100 mil dólares aos invés dos 10 mil prometidos por Pierce. Para isso eles deverão assaltar uma carroça inexpugnável, armada com uma metralhadora e escoltada por trinta homens fortemente armados. Essa engenhoca e toda a logística é para transportar com segurança 500 mil dólares em ouro que Pierce conseguira extrair da propriedade de Taw Jackson. Além de Lomax, Jackson contrata outros três homens: Billy Hyatt (Robert Walker Jr.), um jovem bêbado que entende como ninguém de explosivos; Levi Walking Bear (Howard Keel) um índio que deserdou sua tribo; e o velho e desonesto Wess Fletcher (Keenan Wynn), este para transportar o ouro a ser roubado na missão aparentemente impossível. Um intrincado plano é urdido e a vingança de Taw Jackson tem êxito total.

Kirk Douglas e John Wayne
Duelo de galhofas - Mesmo com o estranho ingrediente de uma carroça que mais parece um tanque de guerra com tração animal, “Gigantes em Luta” seria um faroeste comum. O que torna este filme notável é o duelo entre John Wayne e Kirk Douglas, confronto não realizado com armas mas sim com a fina ironia dos diálogos entre os dois. E essa disputa verbal dá o tom bem humorado do início à última sequência do filme. Jackson sabe que Lomax é destituído de qualquer escrúpulo quando o assunto é dinheiro e convencer o petulante pistoleiro a trair quem o contratou para matá-lo é tarefa fácil. Lomax tenta a todo custo mostrar que é superior a Jackson e faz isso a cada vez que monta ou desmonta de seu cavalo, cativa mulheres ou é obrigado a mostrar sua perícia com o revólver. Quando reagem à tentativa de uma dupla de bandidos de alvejá-los, o sarcástico Lomax diz: “O meu (Bruce Dern) caiu primeiro”, ouvindo como resposta de Jackson “O meu (Chuck Roberson) era mais alto”... Ao final, com todo o ouro aparentemente perdido, Lomax deixa Jackson a pé levando seu cavalo como compensação pela frustrada empreitada. Ao se reencontrarem em Emmett, Jackson leva a zombaria ao extremo com sua estratégia de só recompensar o parceiro dali a seis meses, arrematando: “Lomax, você é o maior interessado em me manter vivo”. Vitória de John Wayne? Nada disso pois assim como em “Vera Cruz” quem se dá melhor ao final é Gary Cooper, enquanto Burt Lancaster fica com os melhores momentos do filme, neste “Gigantes e Luta” é o saltitante Douglas quem rouba todas as cenas, aos 50 anos de idade e demonstrando forma física de invejar o próprio Lancaster.

Kirk Douglas em ação.

John Wayne e Kirk Douglas (acima).
Clímax bem elaborado - No entanto o western de Burt Kennedy não é apenas a deliciosa peleja entre os dois atores pois o que não falta no filme é ação de boa qualidade. Há uma luta no saloon excelentemente coreografada com socos para todo lado; ataque dos índios; e Douglas escalando com a ajuda de uma corda, numa sequência sem cortes, uma montanha escarpada quase em completo aclive. Como não poderia deixar de ser o clímax é atingido com o elaboradíssimo plano de isolar a carroça blindada e tomá-la de assalto, numa sequência espetacular. E a maior parte do ouro é perdida para os oprimidos nativos expulsos de suas terras pelos brancos, o que faz o vivaz Levi Walking Bear retornar a seu povo. Finais em que o produto de roubos se perdem são comuns no cinema para justificar que o crime não compensa, o que não é o caso de “Gigantes em Luta”. Misturado à farinha o ouro fica também para os índios pois todas aquelas terras a eles pertenciam antes mesmo de serem propriedade de Taw Jackson. Final política e zombeteiramente correto.

A carroça blindada.

Howard Keel e Bruce Cabot
Um índio patético - Dois atores do porte de Wayne e Douglas, ambos atuando com o costumeiro brilho, não foi suficiente para fazer de “Gigantes em Luta” um western memorável. Longe de ser um mau filme, faltou a esta produção um melhor aproveitamento do excelente elenco de apoio que não encontra espaço maior no enredo. Entre outros Keenan Wynn, Gene Evans e Emílio Fernández fazem pouco mais que pontas no filme, o que é uma pena. Incontáveis atores brancos interpretaram inconvincentemente índios no cinema, mas Howard Keel está entre os casos mais dramáticos, ele que mesmo com nariz postiço parece mais estar fantasiado de pele-vermelha. Joanna Barnes tenta fazer lembrar a ‘Feathers’ de “Onde Começa o Inferno” (Rio Bravo), obviamente sem a graça e sensualidade de Angie Dickinson. Robert Walker Jr. não precisa de muito esforço para se mostrar tímido e hesitante como o jovem alcoólatra e Bruce Cabot ótimo como o bandido Pierce. Cabot era amigo pessoal de John Wayne, com quem trabalhou muitas vezes no final de carreira. As versões posteriores ao lançamento tiveram excluída a sequência em que Kirk Douglas aparece de costas vestido unicamente com... seu cinturão, mostrando mais uma vez as nádegas num western. Afinal, quem venceu o duelo, Wayne ou Douglas? Como foi dito acima, seria impossível o Duke competir com Kirk, mais jovem, mais dinâmico e mais engraçado que Wayne. Mas a associação entre os dois funcionou, com ambos se completando mutuamente.

Coadjuvantes em pequenos papéis: Emílio Fernández, Gene Evans e Bruce Dern.

John Wayne
Kennedy na direção - “Gigantes em Luta” contou com trilha musica de Dimitri Tiomin, menos inspirado que outras vezes e a cinematografia foi de William H. Clothier, um mestre em filmar cenários deslumbrantes como o de Durango, onde o filme foi rodado. Esta produção da Batjac  cumpre seu intento de divertir, deixando, porém, a impressão que poderia ser ainda melhor pelos nomes envolvidos, inclusive o do pouco experiente Burt Kennedy na direção. Tendo se destacado como escritor e roteirista dos dramáticos faroestes com a dupla Budd Boetticher-Randolph Scott, Kennedy atingiu o ponto mais alto como diretor curiosamente em westerns mais leves e engraçados. “Uma Cidade Contra o Xerife” (Support Your Local Sheriff) e “Latigo, o Pistoleiro” (Support Ypur Local Gunfighter) são ótimos exemplos dos bons momentos de Burt Kennedy como diretor. Uma singularidade ocorreu nos Estados Unidos no mês de maio pois no dia 24 estreou “Desbravando o Oeste” (The Way West); três dias depois era lançado “Gigantes em Luta” e na semana seguinte os fãs de John Wayne podiam vê-lo na tela em “El Dorado”. Que bons tempos esses, heim?!?!?!

Kirk Douglas e John Wayne

Kirk Douglas em grande forma.

Robert Walker Jr. e John Wayne; Valora Noland e Keenan Wynn.